sábado, 29 de maio de 2010

Sabias que...

Bróculos
Os bróculos são dos legumes cujo consumo está bastante associado à prevenção do cancro.
Num estudo recente publicado na Clinical Cancer Research, vem confirmar novamente o papel anticancerígeno dos bróculos, desta vez, no cancro da mama.

Este efeito deve-se a um composto chamado sulfurafano, que existe em grande quantidade nos bróculos.

Como incentivo ao consumo de bróculos, vê aqui uma forma diferente para os consumir: esparregado de bróculos.

Chá Verde

O chá verde é conhecido pelo sua grande capacidade antioxidante.
Segundo uma investigação realizada na Universidade Fernando Pessoa, no Porto e que será publicada na edição de Setembro da revista Food Chemistry, o extrato de chá verde apresentou um efeito inibidor "promissor" sobre o crescimento de células do cancro renal.

"Segundo a Dra Branca Silva, co-autora do estudo a publicar na edição de 1 de setembro, explicou à Lusa que, após um ano de investigação, verificou-se que "o chá tem um efeito enorme sobre estas células e faz com que elas deixem de crescer, de se multiplicar".

O chá verde tem ainda outros benefícios, auxilia na perda de peso, diminui as taxas de colesterol, controla a pressão arterial, activa os sistema imunológico, reduz o risco de artrose, aterosclerose entre outras doenças degenerativas, tem óptima acção cicatrizante.
Quando usado em bochechos e gargarejos previne cáries e ajuda a combater infecções de garganta.

Tudo isso, deve-se á sua sua composição. Ele contém altas concentrações de antioxidantes, estimulantes, além da teofelina, que é um vasodilatador.

Oleaginosas

Estas são ricas em gorduras mono e polinsaturadas, responsáveis por manter o nível de açúcar no sangue estável e activam o metabolismo na queima de gorduras. Reduzem o nível de LDL (colesterol “mau”) e aumentam o HDL (colesterol “bom”), responsável por limpar as artérias, e por isso são armas poderosas para afastar doenças cardíacas, combatem o envelhecimento celular, previnem diversas doenças.

Noz

É uma óptima fonte de energia, potássio, proteína vegetal e vitamina E, tem uma acção antioxidante, para além de proteger contra doenças do coração, pois ajudam a diminuir o colesterol alto. Também é rica em ácido elágico, que por inibir o crescimento de células cancerígenas.

A quantidade recomendada e 1 unidade por dia.


Amêndoa


É uma óptima fonte de proteína, fibra e ferro, além de conter mais cálcio que o leite. Possui ácido fólico, niacina, potássio, vitamina E, magnésio, fósforo, gorduras monoinsaturadas e proteínas. A gordura monoinsaturada contida nas amêndoas tem um efeito benéfico na circulação e no colesterol, e também contribui na redução dos radicais livres devido ao seu efeito antioxidante.

Para quem que usufruir dos benefícios das oleaginosas e ainda perder peso, a amêndoa é a melhor opção, tonifica o sistema nervoso, diminui o colesterol, melhora as afecções cardíacas, é restaurativa e nutritiva. A sua ingestão diária ajuda a proteger os rins e os órgãos reprodutores, fortalece os ossos e ainda restabelece a força física e mental.

O ideal é consumir 12 porções ao longo do dia, por exemplo, quatro unidades a meio da manha, outras quatro no lanche e as últimas quatro antes de dormir.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Hoje celebra-se o "Dia Mundial da Tiróide"

Afinal, o que é a Tiróide?

Mede pouco mais de quatro centímetros, mas, apesar do tamanho, as funções que assume no corpo humano são de extrema importância. A tiróide é responsável “pela regulação do crescimento, controlo do peso e do apetite”, diz o Dr. Jácome de Castro, presidente da Secção da Tiróide da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia e director do Serviço de Endocrinologia do Hospital Militar Principal.

Segundo o especialista, os distúrbios associados a esta glândula afectam perto de 10% da população portuguesa, particularmente do sexo feminino, entre a terceira e a quinta década de vida. Mas, apesar de em alguns casos as disfunções da tiróide serem “incapacitantes”, existem “tratamentos que permitem solucionar o problema”.

Entre as causas de mau funcionamento da tiróide encontra-se o hiper e o hipotiroidismo. “Cerca de 2 a 3% dos adultos sofrem de hipotiroidismo, uma situação em que a tiróide apresenta dificuldades de funcionamento, devido à produção de anticorpos que inibem a acção desta glândula”, completa.

Cansaço, prisão de ventre, sonolência, aumento da sensibilidade ao frio, queda de cabelo, dores musculares, aumento de peso, alterações menstruais são geralmente as queixas apontadas pelos doentes que sofrem de hipotiroidismo. No entanto, como salienta Jácome de Castro, há que ter em atenção que estes sintomas podem estar presentes em outras situações.

“Os médicos de família têm um papel importante no diagnóstico destas patologias, já que, no caso do hipotiroidismo, uma mera análise é o suficiente para obter um diagnóstico preciso.” A maioria dos casos de hipotiroidismo é “facilmente tratável” e “apresenta uma taxa de sucesso de quase cem por cento”, com recurso a medicamentos que substituem com perfeição” a hormona da tiróide.

Quando a tiróide funciona demais

O hipertiroidismo é uma situação geralmente provocada pela acção de anticorpos. Mas, contrariamente ao hipotiroidismo, neste caso a tiróide é estimulada a funcionar em demasia. Segundo Jácome de Castro, os doentes com este quadro clínico apresentam sintomas de “irritabilidade, palpitações, insónias, tremores nas mãos, perda de peso, suores, diarreias e, muitas vezes, alterações nos olhos”.

O diagnóstico desta patologia, à semelhança do que acontece com o hipotiroidismo, é confirmado com recurso a uma análise laboratorial. “Em muitos casos, poderá ser necessário fazer uma ecografia ou uma cintigrafia.” Para se obter um diagnóstico preciso, é necessário que “os médicos estejam alerta para estas patologias”, advoga o especialista.

Para estes casos, o tratamento passa “pela administração de medicamentos antitiroideus, que inibem a produção de hormonas, através da administração de iodo radioactivo ou com recurso a cirurgia”. A taxa de sucesso destes tratamentos ronda os cem por cento, mas, para tal, “é preciso escolher a terapêutica certa no momento certo”. A cirurgia pode envolver a extracção de apenas uma parte da tiróide (no caso de a produção excessiva se localização numa região específica) ou a sua retirada total. Este procedimento implica que, após a remoção integral da tiróide, se faça um tratamento de substituição.

90% dos nódulos têm origem benigna

De acordo com Jácome de Castro, cerca de 4 a 5% dos adultos apresentam nódulos na tiróide com mais de um centímetro. “Situações como esta devem ser observadas por um endocrinologista, para avaliar a natureza do nódulo. No caso de se constatar que o nódulo é benigno, os doentes devem ser acompanhados anualmente”, fundamenta. Embora a maioria dos nódulos não aumente de tamanho, é necessário proceder a uma ecografia e uma análise da função tiroideia. Trata-se de um método que permite vigiar um eventual crescimento do nódulo ou uma alteração na sua função.

Do total de casos, perto de 90% dos nódulos que aparecem na tiróide têm uma origem benigna. Os restantes 10% podem evoluir para cancro. Mas a boa notícia é que a esmagadora maioria dos carcinomas da tiróide são curáveis. “Para que isto aconteça, é preciso diagnosticar precocemente”, ressalva.

Quando se detecta um cancro na tiróide, o tratamento primário passa pela remoção integral desta glândula. Segundo as informações que constam no site do Grupo de Estudos da Tiróide da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia (http://www.spedm-tiroide.org/), estes tumores geralmente têm bom prognóstico: “a cirurgia é curativa na maioria dos casos e não causa dor nem incapacidade”.

Após a cirurgia, os especialistas prescrevem o tratamento à base de hormona tiroideia, para “que o organismo se mantenha normal”, diz a mesma fonte.

Fonte:Andreia Pereira-Jornal do Centro de Saúde




quinta-feira, 6 de maio de 2010

O Ouro do Mediterrâneo...


O menino seguia com muita atenção a gota grossa amarelo dourada que escorregava devagarinho, como quem tem todo o tempo e sabedoria do mundo, por entre os sulcos vidrados do galheteiro, já velhinho, da avó. Deslizava suavemente, dobrando com muito cuidado cada esquina, como quem tivesse medo de cair e se perder… De repente, quase parou na fundura de um vinco mais marcado ali, exactamente onde a faixa atrevida de sol ardente, que tinha conseguido esgueirar-se por entre o cortinado, já velhinho, da avó, a fez brilhar em chispas de luz.


O menino levantou-se, de súbito, para chegar mais perto e mergulhou o olhar até ao fundo daquele lago de luz dourada e… viu oliveiras de mil anos, espalhadas por montes e vales, viu mil azeitonas verdes, castanhas, pretas, e viu um fio grosso de azeite dourado que ganhou vida e, numa bolha grossa, lhe disse em surdina, como quem conta um segredo:

- “Eu sou o Ouro do Mediterrâneo.

Sabes, há muitos, muitos anos, veneravam a minha árvore, a oliveira, em cuja sombra se acolheram, nas encostas do Mediterrâneo, da Grécia à Tunísia, filósofos, artistas, matemáticos, poetas e viajantes que, juntos, foram tecendo as malhas da cultura da Europa do Sul, que é ainda a tua.
E durante muitos, muitos anos, mais de três mil, guardaram-me, ano após ano, em grandes e pesadas talhas de barro, no local mais íntimo e secreto de suas casas – é assim que se acautelam os tesouros – para comigo regarem, em artes de feminino feitas, ervas, legumes, peixes e pão, e, queimando-me, espantarem, das suas noites, a escuridão.

E eu, de tão amado, acreditava que seria assim até ao fim dos tempos. Mas não.
Sabes, houve uma guerra – terá sido a maior de todas, diziam – que deixou as gentes muito alteradas. Nada ficou como antes. As ideias, hábitos e costumes agarraram-se as franjas dos ventos e correram, muito depressa, espalhando-se por todo o lado – sabes, as franjas do vento são muito mais velozes que as ondas do mar – e por aqui, nestas terras minhas do Mediterrâneo, foram, assim, aparecendo uns líquidos gordurosos, de vários tipos, a princípio, de mansinho, como quem está envergonhado, mas rapidamente pressenti a dimensão do seu atrevimento e da minha desventura.

Começaram por me roubar a luz da noite. As candeias ficaram esquecidas, vê bem, algumas vezes ao lado das minhas talhas. E na escuridão chegavam-nos, longínquos e apagados, os sons da alegria, ou da intimidade, que já tinham sido nossos.
Mas o pior foi quando, uns tempos mais tarde, chegaram, com grande alarido, e vindos de terras, para mim muito estranhas, uns óleos que morriam de inveja de mim. Fizeram de tudo para convencerem as gentes minhas do Mediterrâneo, que eles seriam, mesmo melhores que eu na fritura, no tempero, na caldeirada, e - céus! - até na sopa e salada se atreveram a entrar. E muitas das minhas gentes – sabes como gostam sempre muito de tudo o que vem de outras paragens, as minhas gentes – acreditaram neles, coitadas. E, coitado de mim também, que fui ficando, cada vez mais tempo, no fundo das talhas, a meio dos garrafões, e até nos lagares, antes de ser eu mesmo, se foram esquecendo de mim.

Sabes, não há mentira nem disfarce que sempre dure. O tempo faz a verdade vir ao de cima, como eu próprio se me misturam com água. E há sempre quem – muito poucos é certo – goste de pensar por si mesmo, de procurar provas para fundamentar conclusões, cientistas investigadores, dizem. E lembraram-se de mim, de investigar, cientificamente, o que eu, desde a noite dos tempos, havia dado, sem eu próprio o saber, aos habitantes da bacia do Mediterrâneo que tanto me cuidavam.

E sabes o que, sobre mim, descobriram?
Sabes o que te posso oferecer quando me escolhes para me levares contigo, todos os dias?
- Melhoro a digestão e evito a azia que sentes quando escolhes outros em vez de mim para temperar ou cozinhar;
- Ajudo o fígado e a vesícula a eliminarem o lixo do teu sangue, e até empurro algumas areinhas antes que se atrevam a ser pedras com o nome, pretensioso, de litíase;
- Comigo, o intestino consegue despachar-se com mais facilidade;
- Ainda aí, faço um trabalho permanente – e como fico cansado! – para impedir o colesterol de voltar para trás. Assim consigo, sem que ninguém desconfie, mantê-lo baixo apesar dos disparates que os homens grandes fazem quando comem;
- Nas artérias vou impedindo que se atulhem e entupam; por isso, dizem que sou amigo do coração;
- A pele, torno-a mais brilhante e macia e atraso a chegada das rugas, ainda melhor quando me usam em cremes de beleza;
- Nas articulações diminuo as inflamações, que é como quem diz, as dores e o desgaste;
- E por todo o lado, mesmo nos sítios mais escondidos e pequeninos no interior das células, elimino com muito vigor os radicais livres de oxigénio. Eu nem sei bem o que são, mas ensinaram-me, que eles agridem e envelhecem todo o corpo. Por isso são maus para ti e eu sou capaz de te defender.

Não achas que tenho razões para estar muito orgulhoso?

Agora, que sabem tudo isto sobre mim, sou olhado muito respeitosamente. E, confesso, não disfarço a vaidade com que me aprumo, dentro de garrafas lindíssimas, feitas expressamente para mim, quando me colocam no lugar de maior destaque da mesa de quem, profundamente, me aprecia ou me derramam – com rituais quase iniciáticos – sobre iguarias de cozinha de autor por todo o mundo, muito para além do meu querido…”
E a gota foi engrossando, engrossando e quase caía, quando o menino, num gesto rápido de aflição, a agarrou com a ponta dos dedos trémulos, agora do tanto que sabia, e de olhos fechados a levou à boca, deliciado, mas ainda lhe pareceu ouvir “… Mediterrâneo”.

Cristina Sales
Texto publicado na Revista Ovibeja 2009